Por Paulo Nunes de Abreu, co-fundador Digital Health Portugal e Fórum Hospital do Futuro
Com um governo de minoria, o SNS enfrenta desafios que só podem ser superados através de consenso. A inovação tecnológica, especialmente a saúde digital, oferece respostas essenciais, mas sem um alinhamento efetivo entre as diferentes esferas de governação, essas soluções podem ter impacto limitado.
O IV Plenário do Think Tank SNS de Contas Certas, que se realiza nos dias 3 e 4 de abril na Fundação Calouste Gulbenkian, terá um papel crucial ao reunir especialistas e decisores para discutir o alinhamento entre políticas nacionais e competências locais. A capacidade de gerar consensos em torno de soluções inovadoras será essencial para que o SNS possa enfrentar desafios futuros com resiliência, promovendo equidade e eficiência.
Os municípios desempenham um papel fundamental neste novo quadro, uma vez que, através das Unidades Locais de Saúde (ULS), podem adaptar políticas às realidades locais e integrar cuidados primários, hospitalares e continuados. Contudo, ainda há lacunas na coordenação estratégica entre as ULS e os municípios. Falta um diálogo mais formalizado e estruturas de comunicação mais eficazes para que os municípios possam influenciar decisões de forma ativa, promovendo uma colaboração mais próxima.
A partir do IV Plenário poderão emergir importantes pontos de ação como o fortalecimento da coordenação interinstitucional, com estratégias para melhorar o diálogo entre ULS e municípios.
A tão apregoada descentralização, permitindo maior transferência de competências para os municípios e uma resposta mais ajustada às necessidades locais e a capacitação local, fortalecendo a capacidade técnica dos municípios para a literacia e gestão de saúde.
A inovação na governança, com a promoção de abordagens que incentivem a participação cidadã e a transparência e modelos de financiamento sustentáveis, para garantir o uso eficiente dos recursos e a sustentabilidade financeira do SNS.
O futuro da saúde em Portugal depende da capacidade de integrar inovação e consenso político. Este IV Plenário representa uma oportunidade única para debater estas questões e definir diretrizes que poderão transformar o SNS, adaptando-o às necessidades locais e garantindo a sua sustentabilidade a longo prazo.
Mas como poderemos passar do plano das ideias para a ação no terreno? Quais são os “pain points” que provocam a resistência à mudança e como podem ser ultrapassados? Este plenário será uma verdadeira masterclass em gestão da mudança, onde líderes e especialistas explorarão soluções inovadoras e estratégias práticas para alinhar políticas nacionais com competências locais, promovendo uma transformação efetiva e sustentável no SNS.
Agora, mais do que nunca, precisamos de todos aqueles que acreditam numa saúde sustentável e num SNS de contas certas. Junte-se a nós nesta jornada. O seu contributo é essencial para criar um sistema de saúde mais justo e eficiente.

Podcast SNS de Contas Certas
Descubra o Podcast ‘SNS de Contas Certas’, uma iniciativa conjunta do Fórum Hospital do Futuro e Digital Health Portugal, agora com novos episódios que trazem as reflexões do III Plenário. Desde o final de 2022, oferecemos podcasts mensais no Spotify, baseados em entrevistas com líderes da saúde e nos eventos ao vivo nas nossas redes sociais. Estes episódios discutem temas atuais como a inovação, a sustentabilidade e a colaboração entre o SNS e a sociedade civil. Junte-se à conversa e ajude a construir um SNS mais sustentável e inovador.
Cimeira dos Dados em Saúde
Nos dias 14 a 16 de novembro de 2024, a IV Cimeira Global de Dados em Saúde, organizada pelo Health Data Forum, acontecerá no campus da Nova Medical School (dia 14) e no auditório do Museu Paula Rego, em Cascais. Sob o tema “Real-World Evidence for the Real World”, este evento internacional reunirá líderes e especialistas em saúde, decisores políticos e inovadores para debater o papel fundamental dos dados do mundo real na transformação dos sistemas de saúde e políticas públicas.
Entre os destaques confirmados estão Maria de Belém Roseira (ex-Ministra da Saúde), Shirley Wang (Harvard Medical School), Elisa Tarazona Ginés (CEO, Ribera Salud), Saleem Sayani (Universidade Aga Khan), Elena Petelos (HTA e EUPHA) Rui Santos Ivo (Presidente do Infarmed) e Pedro Ramos (Secretário Regional de Saúde da Madeira), que discutirão desde o impacto dos dados em saúde pública até a aplicação da evidência do mundo real na avaliação de tecnologias de saúde.
Este evento é uma oportunidade única de conhecer as mais recentes inovações e de participar em discussões que irão moldar o futuro dos cuidados de saúde.
Mais informações e inscrições: https://healthdataforum.com/
Manifesto de Saúde Digital
O Manifesto da Saúde Digital em Portugal, iniciativa da Digital Health Portugal, surge como um marco promissor. Centrado na equidade e inovação, propõe uma transformação digital no sistema de saúde. Este documento não é apenas um conjunto de metas, mas um convite à ação coletiva para a transformação da saúde em Portugal.
Estes os 6 princípios do nosso Manifesto de Saúde digital:
#1 Revolução dos Dados em Saúde: A utilização de dados de saúde como alavanca para decisões informadas é uma tendência mundial. A segurança, privacidade e uso ético desses dados são essenciais.
#2 Avanço das Tecnologias de Saúde Digital: Tecnologias como telemedicina e diagnósticos impulsionados por IA representam o presente e o futuro da saúde, essenciais para enfrentar desafios como pandemias globais.
#3 Sistemas de Saúde Resilientes: A construção de sistemas de saúde resilientes é crucial, especialmente num mundo marcado por incertezas e desafios contínuos.
#4 Colaboração e Inovação: A colaboração entre profissionais de saúde, inovadores e formuladores de políticas é chave para o sucesso.
#5 Participação Comunitária: O envolvimento ativo da comunidade é fundamental para a relevância e eficácia das inovações em saúde.
#6 Acesso Equitativo: A Digital Health Portugal coloca o acesso igualitário à saúde no centro da sua missão. Esta abordagem é vital para ultrapassar disparidades no acesso à saúde, especialmente em áreas rurais e entre populações desfavorecidas.
Poderá aceder ao artigo original com os princípios deste Manifesto aqui